Localizada no município de Feijó, a 360 km de Rio Branco, Capital do Acre, a aldeia Shanekaya se encontra nas terras indígenas Katukina/Kaxinawá, na Amazônia, e é lar de uma família do povo Shanenawa. Conhecidos como um grupo guerreiro, acolhedor e muito hospitaleiro, os Shanenawa fazem da música, da culinária e da contação de histórias em sua língua ancestral, um dos principais instrumentos de contato com seus antepassados e ferramenta do desenvolvimento da sua cultura.
Segundo o cacique Yawa Kumã, um jovem de cabelos longos e corpo pintado, a língua sagrada dos Shanenawas, o Pano, permite a medicina sagrada da sua cultura, a retomada de sua ancestralidade. Desde ela vem sendo foi revitalizada com a construção da aldeia e retomada dos antigos costumes originários, que quase foram extintos nos últimos séculos.
Para se ter uma ideia, hoje 16 povos dividem o mesmo tronco linguístico dos Shanenawas, ou seja, têm uma língua parecida com esses povos amazônicos e buscam reaver as tradições que vêm sendo perdidas ao longo da colonização europeia.
Uma delas é a música dos Shanenawa. Incorporando instrumentos modernos aos cânticos e às contações de histórias tradicionais, os indígenas se reconectam com suas origens e transmitem valores às novas gerações, que nasceram e viverão imersos pelo mundo da tecnologia. Para esse o povo originário, adaptar tambores, violões aos sinos, flautas para a oralidade ancestral permite que esses saberes ecoem mais alto e mais longe.
Outra característica muito presente na aldeia Shanekaya, localizada na Amazônia, é seu apreço pela culinária. xipi mutá, xipi mité, xipi pichã, ataxiru; iskî furacu e iskî xui, respetivamente, mingau de banana; farinha de banana, banana verde cozida; mandioca com verduras tradicionais peixe cozido na folha de bananeira e peixe assado na brasa são pratos milenares que são comidos todos os dias na aldeia. Junto com as frutas e verduras locais, como o açaí, a goiaba, o biorana e cajarana, as refeições são sempre servidas em pratos de vidro e comidas com as mãos, e às vezes com ajuda de uma colher.
Comer com as mãos é ancestral e nos conecta com o alimento que estamos ingerindo.
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